Checando o checkup
O Centro Nórdico Cochrane publicou em 2012 um estudo que analisou 14 pesquisas de longo prazo (média de 9 anos), totalizando 182.880 pessoas da Europa e dos Estados Unidos, incluindo 11.940 mortes. Deste total, um grupo havia realizado check-up e outro não, sendo que não houve diferença no número de mortes entre os dois grupos, incluindo morte por doença cardíaca e câncer.
A surpreendente conclusão foi reforçada pelo resultado de um estudo populacional randomizado, que teve por objetivo avaliar a eficácia do check-up para os cidadãos da Dinamarca, que consistia em consulta médica, exames de rotina e recomendações individualizadas sobre hábitos saudáveis de vida. Publicado no BMJ, em 21 de junho de 2014, o estudo envolveu todos os habitantes da região oeste de Copenhagen, na faixa dos 30 aos 60 anos de idade, randomizados em dois segmentos: o grupo intervenção, submetido a check-up anual durante o período de 5 anos e o grupo controle, apenas sob observação, durante o mesmo período. Avaliação realizada após 10 anos não encontrou diferenças significativas entre um grupo e outro, considerando-se incidência de doença cardíaca isquêmica, acidente vascular cerebral e mortalidade. A partir destes dados, o governo da Dinamarca suspendeu o programa de check-up que até então vinha sendo concedido à população.
Os serviços médicos que oferecem check-up devem priorizar os exames clínicos (anamnese e exame físico completo), solicitando exames complementares caso a caso, para avaliação das condições atuais da saúde do paciente, diagnóstico precoce e prevenção de doenças. Em minha opinião este é o procedimento adequado a ser adotado para indivíduos saudáveis e assintomáticos, evitando, sempre que possível, exames sofisticados ou invasivos que como sabemos podem desnecessariamente evoluir para overdiagnosis.