Que tal dar uma apimentada na dieta?
Recente estudo realizado na China, demonstrou que a ingestão de pimenta vermelha (conhecida como pimenta chili) diminui os índices globais de mortalidade, e especificamente da mortalidade por câncer, por doenças cardíacas isquêmicas e por doenças respiratórias (BMJ 2015;351:h3942).
Este estudo prospectivo, tipo Cohort, desenvolvido por pesquisadores chineses da Universidade de Beijing, da Harvard Scholl of Public Health e da Universidade de Oxford, envolveu meio milhão de homens e mulheres entre 30 a 79 anos de idade, habitantes de dez regiões da China.
Esses indivíduos, avaliados pelo programa China Kadoorie Biobank em 2004 e 2008, foram acompanhados durante sete anos. Os participantes responderam a um minucioso questionário, que investigou suas características sócio demográficas (idade, sexo, educação, ocupação, estado civil, renda familiar) e seus hábitos de vida (prática de atividade física, consumo de álcool, de cigarro, de carne vermelha, de frutas frescas, de vegetais), histórico de saúde (índice de massa corpórea, hipertensão, diabetes, doença hepática) e histórico familiar.
Na primeira avaliação foram excluídos os indivíduos portadores de câncer, doença cardíaca ou acidente vascular cerebral. A equipe médica foi treinada para aplicar um questionário que incluía a seguinte abordagem: com que frequência você consumiu alimentos com pimenta no último mês?, sendo elencadas as opções: nunca; de 1 a 2 dias por semana; de 3 a 5 dias por semana e de 6 a 7 dias por semana.
Nos sete anos subsequentes, dentre os indivíduos acompanhados foram registrados 20.224 mortes. Constatou-se que aqueles que utilizavam pimenta nos alimentos, pelo menos de 1 a 2 vezes por semana, tiveram 10% de redução no risco de mortalidade em relação aos que ingeriam pimenta menos do que 1 vez por semana. Os que faziam uso da pimenta por 3 ou mais dias na semana tiveram índice de 14% na redução da mortalidade geral — redução esta não influenciada por idade, sexo, índice de massa corpórea e nem por prática de atividade física.
Há muitos anos estudos sugerem que a capsaicina — o componente ativo da pimenta tipo chili, responsável por seu sabor picante — tem efeito analgésico, anti-inflamatório e diminui o risco de obesidade, de diabetes, de alguns tipos de câncer, de doenças cardiovasculares, digestivas e dermatológicas (Sharma Sk et al, European Journal of Pharmacology 2013;720:55-62).