O que Significa “Pronar o Paciente”?
O que Significa “Pronar o Paciente”?
Um termo usado em hospitais, principalmente em unidades de terapia intensiva (UTI), e que tem sido frequentemente usado atualmente por conta da infecção pelo coronavírus (COVID-19), é a de “pronar o paciente”, ou de colocá-lo em “posição prona”. Mas o que significa isso exatamente?
Os pacientes que ficam em UTIs e sob respiração artificial (intubados), inclusive nos casos mais graves do COVID-19, ficam deitados 24hrs por dia, frequentemente por vários dias. Ficam, portanto, muito tempo sem se mexer e em contato com o colchão. Para que não desenvolvam úlceras por pressão no corpo (escaras de decúbito), esses pacientes precisam ser mudados de posição, a cada 2-3 horas, ou seja, ficam deitados de lado (direito ou esquerdo) e em decúbito dorsal (com as costas no colchão). Uma outra opção seria deitar o paciente em posição prona (ou seja, virado de bruços), com a parte anterior do corpo junto ao colchão. Essa posição, no entanto, não é comum em pacientes sedados e intubados, pois atrapalha a sua manipulação pelos profissionais da saúde e não permite que a cabeceira do paciente seja elevada. Pode ainda acarretar fortes dores musculares e articulares quando o paciente acordar.
Assim, normalmente, a posição prona é pouco usada em UTIs. No entanto, em pacientes com a Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR) – que pode ocorrer no Covid-19, com disfunção importante da troca de gases feita pelos pulmões, a posição prona mostra-se uma importante ferramenta para melhora dessas trocas, sendo sim uma opção viável no tratamento. Pode ser feita por até 18 horas no dia.
Não se sabe ainda exatamente o porquê dessa melhora, mas o fato de deitar o paciente de bruços, permite a parte posterior dos pulmões se expandirem com mais propriedade, pois há diminuição do inchaço, (pela ação da gravidade, o ‘inchaço cai’ para a parte da frente dos pulmões). Além disso, o “peso do pulmão”, não atrapalharia a parte posterior, diminuindo a pressão nessa região. Como normalmente a parte posterior dos pulmões apresenta um volume maior de ventilação, a troca gasosa seria facilitada e o paciente melhoraria os níveis de oxigenação do corpo, fato esse observado em cerca de 70% a 80% dos pacientes com SDR.